quarta-feira, 29 de maio de 2013

Resgate histórico de um pioneiro – José de Mattos Pereira

Em pé: Amândio de Mattos Pereira, Francisco de Mattos Pereira, José de Mattos Pereira Filho, Joaquim de Mattos Pereira, Bento de Mattos Pereira - Sentados: João de Mattos Periera, Manoel de Mattos Pereira, José de Mattos Pereira (patriarca), Ponciano de Mattos Pereira (Foto : DIVULGAÇÃO)

Falar de homens com a igual notabilidade de José de Mattos Pereira não é tarefa das mais fáceis a se executar. É preciso voltar no tempo para conhecer a sua epopéia histórica, marcada pela sua intrépida coragem e audácia conduzindo sua numerosa prole para terras de paragens distantes de sua terra de origem. É preciso rememorar a façanha deste homem para que todos os descendentes de sua raiz possam se fortalecer de forma audaz e corajosa diante das tomadas de decisões pelas caminhadas da vida, seguindo desta forma o exemplo deixado pelo seu venerando patriarca.
José de Mattos Pereira chegou em 1902 nas terras que hoje corresponde à cidade de Dourados - MS. Partiu da cidade gaúcha de São Luiz Gonzaga contando a idade de 74 anos. Apesar da idade já avançada, conduziu bravamente seu clã, atravessando as paisagens gaúchas dos pampas e coxilhas, que foi deixando para trás regadas de lágrimas. Trazia o coração varado de dor e cheio de recordações de momentos vividos harmoniosamente com a sua numerosa família na terra amada.
Há que se reconhecer neste homem a sua estirpe e a sua coragem, que o fizeram acreditar que a retirada do seu povo do rincão gaúcho para terras distantes do hoje Mato Grosso do Sul, era a forma mais digna e honrosa para dar continuidade aos descendentes de sua linhagem, aos quais considerava dignos de seu amparo e proteção. Assim decidido, juntamente com os filhos da primeira esposa – Ignácia Maria de Jesus, e a esposa de novas núpcias – Lucinda Beninha dos Santos, reuniu todos os filhos, filhas, genros, noras, netos e muitos agregados a quem eram extremamente afeiçoados, e migraram para as terras de Mato Grosso, destino onde o filho primogênito Ponciano de Mattos Pereira já os aguardavam.
A sua caravana composta de mais de uma centena de pessoas, marchou por prolongados meses por caminhos íngremes e até mesmo inexistentes traçados a hora da travessia com facões e machados. Foram muitas as noites mal dormidas sobressaltados pelos perigos da mata e a incerteza de segurança com a vida de seus entes queridos. As carretas puxadas pelos bois seguiam à frente fazendo zunir suas rodas pelos caminhos incertos qual fossem sussurros em tom plangente e calado no fundo da alma de cada um dos que seguiam a marcha silenciosa se despedindo dos rincões gaúchos.
Nas carretas vinham as mulheres, as moçoilas e as crianças que eram trazidas com especial atenção, pois eram mais frágeis que os homens, portanto, inspiravam maiores cuidados. Elas eram as esposas, as filhas, as netas, as agregadas e os pequeninos de colo. Também, no conjunto das carretas, seguiam as que transportavam algumas espécies de víveres a exemplo do charque e gordura animal, indispensáveis para o preparo dos alimentos. Outras levavam ferramentas como facões, machados, enxadas, foices, enxadões, arados, semeadores e traias para o arreamento de cavalos. Ao lado destas, seguiam as carretas que conduziam os mimos de cada família, constituídos de pertences de extremo valor sentimental.
Durante o trajeto, foram muitas as dificuldades enfrentadas com as doenças, a falta de alimentos e remédios, também, gêneros de uso para vestimentas e higiene. Muitos entes queridos ficaram pelo caminho, pois tombaram sem vida, e, pranteados, foram deixados entregues à Mãe Terra. Apesar de tudo, seguia à frente o patriarca José de Mattos Pereira, resoluto e pertinaz, trazendo no âmago do ser a confiança e a certeza de conquistarem novamente os dotes da família que abandonaram ou se desfizeram por qualquer insignificância. Pressentia o destemido condutor que as mesas seriam fartas novamente, e que as habitações seriam tão confortáveis como as que deixaram na terra natal. Que a sua gente seria audaz nas terras dos ervais quanto foram nas terras dos pampas!
Embalado por novos sonhos, José de Mattos Pereira idealizou sua geração projetada na nova terra como homens honrados, trabalhadores, assumindo lideranças e participando da construção de uma sociedade para nela prosperar e viver os descendentes de sua prole, que hoje representam a Família Mattos, na sua grande maioria radicados em Mato Grosso do Sul, e que originaram os troncos de: 1. Ponciano de Mattos Pereira, 2. Manoel de Mattos Pereira Sobrinho, 3. João de Mattos Pereira Sobrinho, 4. José de Mattos Pereira Filho, 5. Maria Ignácia de Mattos Pereira, 6. Francisco de Mattos Pereira, 7. Antônio de Mattos Pereira, 8. Joaquim José de Mattos Pereira, 9. Cândida de Mattos Pereira, 10. Bento de Mattos Pereira, 11. Amândio de Mattos Pereira, 12. Anna Ignácia de Mattos Pereira, 13. Ignácia Maria de Mattos Pereira, 14. Florência de Mattos Pereira, 15. Carmelina de Mattos Pereira.
Quantos galhos a frondosa árvore estendeu pelas terras meridionais do hoje Mato Grosso do Sul! Quantas sementes espargidas e lançadas ao chão da Nova Canaã de MS! Quantas sementeiras lançadas nos sulcos profundos da terra abençoada e acolhedora que acabariam por transformar na cidade de Dourados-MS, considerada atualmente como o novo reduto da Família Mattos! Qual fosse São Luiz Gonzaga no Rio Grande do Sul!
Entranhadas no chão avermelhado da nova terra, as sementes trazidas pelas mãos do valoroso condutor da Família Mattos foram depositadas para florescer e frutificar. De todas elas, o velho patriarca pode hoje se orgulhar, pois todas foram capazes de prosseguir a sua grandiosa missão. Na chegada, a faina era ainda muito grande e o trabalho árduo, se reverteu mais tarde na construção da sede do município douradense. Para muitas ruas, praças, logradouros públicos, aeroporto e rodovia, os Mattos emprestaram o seu nome. Sobre essa afirmação, assim afirma OWENS: “A participação dos Mattos na construção de Dourados foi efetiva em todos os sentidos. Começaram no início do século, desbravando matas, abrindo estradas, construindo pontes e casas. Foram lavoureiros, criadores de gado, educadores, enfim, influenciaram de maneira decisiva na formação do povo que se iniciava” (2000, p. 291).
Resgatar as páginas épicas desta façanha histórica nos envaidece e nos orgulha. Faz brotar em nossa têmpora o sangue dos bravos que nos antecederam, e, ergue alta a insígnia e as armas das ‘quintas’ dos Mattos em terras lusitanas onde tudo teve o seu início. É de lá que foi transladado para as terras brasileiras, a força, a grandeza, o mando e a coragem como bem retratam o brasão da Família Mattos.
Por ocasião do 23º Encontro da Família Mattos (01/06/2013), as gerações de descendência do patriarca e líder maior da Família Mattos: o inesquecível José de Mattos Pereira, estarão mais uma vez reunidos na cidade de Dourados/MS, com o objetivo principal de manter acesa a chama da união que entrelaçam as famílias dessa mesma origem. Considera-se o momento muito oportuno para prestar esta homenagem em nome de todos os seus descendentes indistintamente.
Que o espírito de gratidão e reconhecimento ao ilustre personagem possa se transformar em mantra sagrado desfraldado nas alturas, orvalhando-se de fragrâncias raras para ser depositado sobre a lápide mortuária do nosso grande herói José de Mattos Pereira, que repousa desde o dia 11 de março de 1904 no cemitério do lugar denominado “Falha”, no Distrito de Picadinha no município de Dourados-MS.
Sem nos ater apenas à genealogia, mas, pela trajetória de vida, podemos afirmar que José de Mattos Pereira é, sem dúvida, um marco valoroso na construção histórica de Dourados-MS
*Professora MSc. alaide@uems.br
Graduada em História (Fucmat), Bacharel em Turismo (UCDB), e Mestre em Geografia (UFMS).
Fonte bibliográfica: o texto foi produzido com base nos relatos orais de membros da Família Mattos e na obra de Owens, Marli Carvalho. Mattos – A saga de uma família. Dourados-MS, 2000.

UFC - União Futebol Clube - Março/1992 - Estádio Muncipal Joauim Candido da Silva - Brasilândia/MS

  Em pé: Indio, Valter Branco, Zé de Mattos, Zé Carlos, Vander Qauio, Pedrinho, Chicão. João Carlos e Salomé. Abaixados: Nivaldo , Valter Gr...