quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Xavantina - Parte 01 - 1930

                    Por volta de 1.930, chega ao povoado de Santa Rita do Rio Pardo Manoel Cecílio da Costa Lima, também conhecido pelos nomes de “Major Cecílio” e “Coronel Cecílio”, Nascido no dia 8 de Outubro de 1.866 em Baús, Santana do Paranaíba (MT), filho de José da Costa Lima e Francelina Garcia Leal.  Apossou de muitas terras na região e exercia uma forte influência na localidade por ser um defensor dos índios e auxiliar as pessoas com cuidados de saúde, cuja experiência era adquirida com seus amigos médicos do Rio de Janeiro. Por zelar pelos seus recursos financeiros, instalou, por conta própria, estabelecimentos de ensino em suas fazendas. Também era conselheiro da população. Por tudo isso, o senhor Manoel Cecílio foi ganhando forças e se apossando de mais terras.
Procurando melhorar as condições locais e não obtendo sucessos nas tentativas, rompeu relações com o Prefeito de Três Lagoas e num ato de demonstração de forças, mudou o nome do Distrito até então Santa Rita do Rio Pardo para Xavantina em homenagem aos índios. Para esse ato, convocou alguns empregados, entre eles consta o nome do Senhor Luiz Vicente Ferreira, filho do Senhor Manoel Vicente Ferreira, que conviveu desde 1.908 junto a essa comunidade.
Após discursar seus motivos, Manoel Cecílio da Costa Lima determinou a afixação de um novo Cruzeiro como marco da nova denominação. Esse ato aconteceu pela manhã e, à tarde, precipitou uma pavorosa tempestade e o Cruzeiro foi atingido por um raio que o despedaçou; acreditando o povo que o fato ocorreu por haver sido tirado o nome da Santa da cidade.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mãe-do-ouro

Havia em Rosário, a montante do rio Cuiabá, um rico senhor de escravos, de modos rudes e coração cruel. Ocupava-se na mineração de ouro, e seus escravos diariamente vinham de lhe trazer alguma quantidade do precioso metal, sem o que eram levados para o tronco e vergastados.
Tinha ele um escravo já velho a quem chamavam pai Antônio. Andava o negro num banzo que dava dó, cabisbaixo, resmungando, pois não lhe saía da bateia uma só pepita de ouro, e mais dia menos dia lá iria ele para o castigo. Certo dia, em vez de trabalhar, deu-lhe tamanho desespero, que saiu andando à toa pelo mato. Sentou-se no chão, cobriu as mãos e começou a chorar. Chorava e chorava, sem saber o que fazer. Quando descobriu o rosto, viu diante dele, branca como a neve, e com uma linda cabeleira cor de fogo, uma formosa mulher.
– Por que está triste assim, pai Antônio?
Sem se admirar, o negro contou-lhe a sua desventura. E ela:
- Não chore mais. Vá comprar-me uma fita azul, uma fita vermelha, uma fita amarela e um espelho.
- Sim, sinhazinha.
Saiu o preto do mato às carreiras, foi à loja, comprou o espelho e as fitas mais bonitas que achou, e voltou a encontrar a mulher dos cabelos de fogo. Então ela foi diante dele, parou num lugar do rio, e ali foi esmaecendo até que sumiu. A última coisa que ele viu foram os cabelos de fogo, onde ela amarrara as fitas. Uma voz disse, de lá da água:
- Não conte a ninguém o que aconteceu.
Pai Antônio correu, tomou a bateia e começou a trabalhar. Cada vez que peneirava o cascalho, encontrava muito ouro. Contente da vida, foi levar o achado ao patrão.
Em vez de se satisfazer, o malvado queria que o negro contasse onde tinha achado o ouro.
– Lá dentro do rio mesmo, sinhozinho.
– Mas em que altura?
- Não me lembro mais.
Foi amarrado no tronco e maltratado. Assim que o soltaram, correu ao mato, sentou-se no chão, no mesmo lugar onde estivera e chamou a Mãe do Ouro.
– Se a gente não leva ouro, apanha. Levei o ouro, e quase me mataram de pancada. Agora, o patrão quer que eu conte o lugar onde o ouro está.
– Pode contar – disse a mulher.
Pai Antônio indicou ao patrão o lugar. Com mais vinte e dois escravos, ele foi para lá. Cavaram e cavaram. Já tinham feito um buracão quando deram com um grande pedaço de ouro. Por mais que cavassem não lhe viam o fim. Ele se enfiava para baixo na terra, como um tronco de árvore. No segundo dia, foi a mesma coisa. Cavaram durante horas, todos os homens, e aquele ouro sem fim se afundando para baixo sempre, sem que nunca se pudesse encontrar-lhe a base. No terceiro dia, o negro Antônio foi à floresta, pois viu, entre as abertas do mato, o vulto da Mãe do Ouro, com seu cabelo reluzente, e pareceu-lhe que ela o chamava. Mal chegou junto dela, ouviu que ela dizia:
- Saia de lá amanhã, antes do meio-dia.
No terceiro dia, o patrão estava como um possesso. O escravo que parava um instante, para cuspir nas mãos, levava chicotada pelas costas.
– Vamos – gritava ele -, vamos depressa com isso. Vamos depressa.
Parecia tão maligno, tão espantoso, que os escravos curvados sentiam um medo atroz. Quando o sol ia alto, pai Antônio pediu para sair um pouco.
– Estou doente, patrão.
– Vá, mas venha já.
Pai Antônio se afastou depressa. O sol subiu no céu. Na hora em que a sombra ficou bem em volta dos pés no chão, um barulho estrondou na floresta, desabaram as paredes do buraco, o patrão e os escravos foram soterrados, e morreram.
Fonte: ifolclore.vilabol.uol.com.br

Crônicas: O comércio e o gado chegam de canoa a Mato Grosso

Os primeiros bovinos que foram introduzidos em Mato Grosso fizeram esse roteiro. Eram quatro ou seis novilhas que vieram de canoa na monção de 1727. As canoas eram, em geral, inteiriças, feitas com um só tronco de árvore, medindo doze a treze metros de comprimento, por um metro e meio de diâmetro. As maiores chegavam a transportar até quatrocentas arrobas de carga (seis toneladas), além de 25 a 30 pessoas, entre as quais o piloto, o proeiro (que viajava na proa, à frente do barco) e seis remeiros.
Com o crescimento do comércio entre São Paulo e as povoações de Mato Grosso, surgiu a necessidade de racionalizar as expedições. As viagens passaram então a ser feitas em grandes comboios, apenas uma vez por ano. Essas frotas de comércio chegaram a abranger até quatrocentas canoas, onde ia tudo o que necessitavam os habitantes de Cuiabá, Vila Bela e demais povoações que iam surgindo em decorrência do trabalho de mineração: desde o sal, destinado à cozinha dos ricos e ao batizado dos pobres, até a seda para os dias de festa.
Aos práticos, pilotos e proeiros das monções deve-se a abertura das comunicações regulares entre Mato Grosso e Pará. O velho caminho fluvial prolongava-se, assim, penetrando pelos rios amazônicos. No início do século XIX, as monções começaram a se tomar mais raras. Sabe-se que as últimas ocorreram por volta de 1838.
Fonte: (http://hightechchat.reocities.com/CollegePark/plaza/4647/moncoes.html)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Crônicas: Em busca do ouro de Cuiabá


Fonte: tonomundo.org.br
 O movimento das monções teve início em 1718, quando Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro nas barrancas do rio Coxipó-Mirim, próximo ao sítio onde hoje se ergue a cidade de Cuiabá. Outros sertanistas que acorreram ao local descobriram novas jazidas, tomando-se a região um vasto campo de mineração. Assim, as primeiras monções corresponderam à corrida do ouro que se iniciou rumo à região do rio Cuiabá.

Atraídos pelo novo Eldorado, os habitantes de São Paulo largavam tudo o que possuíam seguindo viagem, por via fluvial, até Mato Grosso. Aos poucos, essas viagens foram-se tomando regulares e mais organizadas. Já não se tratava apenas de levar novos mineradores, mas de abastecer os que lá se encontravam. O roteiro das monções variou no tempo, mas o Tietê era sempre o começo de todas as viagens. Por ele chegava-se ao rio Paraná, de onde era possível alcançar outros cursos d'água, como o rio Pardo.
Após subir o RIO PARDO e entrar por outras correntes secundárias, a monção enfrentava a parte mais difícil da viagem: era necessário passar para algum dos afluentes do Paraguai. Essa travessia era feita por terra, pois as duas redes fluviais estão separadas por um divisor de águas, cujo ponto mais estreito tem duas léguas e meia (quinze quilômetros). Vencido esse obstáculo, era possível alcançar o Paraguai, subir o São Lourenço e, finalmente, o rio Cuiabá.

Nos trechos encachoeirados dos vários rios por onde se passava, todos desembarcavam e a tripulação tinha que abandonar a água e fazer o caminho por terra, arrastando as canoas ou puxando-as com cordas. De São Paulo a Mato Grosso, a monção levava, no mínimo, seis meses de viagem conforme relata SILVA, Paulo e FERREIRA, João, no livro: BREVE HISTÓRIA DE MATO GROSSO E SEUS MUNICIPIOS. (1994: 22)

“Em fins de 1726 chegou a Cuiaba, acompanhado de imensa comitiva, o Capitão General de São Paulo, Rodrigo Cesar de Menezes, numa viagem de seis meses pelos rios Tiete, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiaba. Trouxe consigo tropa, funcionários burocratas, comerciantes, padres, mineradores e aventureiros de toda a espécie, e ainda, um grande e providencial sortimento de gêneros e mantimentos.”

Crônicas: As monções em Mato Grosso

Para melhor compreendermos o passado de nosso município é preciso conhecer melhor a história de Mato Grosso do Sul, temos que imaginá-lo ainda geograficamente unido aos estados de Mato Grosso e Rondônia, tal como ele era quando se criou a Capitania de Mato Grosso em 1748. Imaginando-o como um todo, como um imenso e uno território colonial português, poderemos entender melhor os fatos passados, as datas e os personagens desta terra matogrossense.

A bem da verdade, a história de Mato Grosso iniciou-se ainda no século XVI, cerca de 1524  para uns ou 1525 para outros pesquisadores, quando o português Aleixo Garcia, acompanhado tão somente de mais quatro homens brancos a algumas centenas de índios, saindo de Santa Catarina, no litoral brasileiro, atravessou inteiramente a faixa compreendida entre o oceano Atlântico e o rio Paraná, penetrou território mato-grossense a partir da travessia desse rio, seguindo bordejando a serra de Maracaju até o rio Paraguai, chegou aos autos morros onde seria séculos depois a cidade de Corumbá.  Aleixo Garcia tornou-se o primeiro homem branco europeu a pisar terras mato-grossenses.

Por essa época iniciou-se o ciclo das Bandeiras a partir de São Paulo, com as incursões dos primeiros bandeirantes paulistas, que adentraram pelos sertões  capturando índios para servires de mãos de obra escrava nas Capitanias do litoral. Dentre sucessivas levas paulistas predadores de índios, destacou-se a figura de Antônio Raposo Tavares que, em 1648, conseguiu completar o aniquilamento das missões dos Itatins, bem como destruir completamente a Vila de Santiago de Xerez. Assim expulsando definitivamente os espanhóis do território mato-grossense, proporcionou Raposo Tavares o inicio e a abertura plena para uma penetração paulista nessa imensa área geográfica e ainda a consolidação do fato de um posterior Mato grosso inteiramente português.

 Quando as bandeiras começaram a declinar, a marcha para oeste passou a assumir outras formas. Utilizando o curso dos rios, as viagens tornaram-se mais regulares e com destino conhecido. A esse movimento, que se iniciou na segunda década do século XVIII, dá-se o nome de monções. O termo é aqui aplicado impropriamente. Em seu sentido original, as monções indicam o regime alternado de ventos, que determina as épocas propícias à navegação. No Brasil do século XVIII, porém, passou a se conhecer por monção a estação adequada para as viagens fluviais, o que nada tem a ver com ventos, mas sim com as cheias ou vazantes dos rios. Livro “breve história de mato grosso e seus municípios, pag 15”

UFC - União Futebol Clube - Março/1992 - Estádio Muncipal Joauim Candido da Silva - Brasilândia/MS

  Em pé: Indio, Valter Branco, Zé de Mattos, Zé Carlos, Vander Qauio, Pedrinho, Chicão. João Carlos e Salomé. Abaixados: Nivaldo , Valter Gr...